sábado, 31 de outubro de 2009

Pedro Belizário

PEDRO BELIZÁRIO

Paulo Toledo


Se da minha infância em Congonhal existe a lembrança de uma pessoa, simples, boa e pura, essa pessoa é o Pedro Belizário.
Fazendo grande esforço de memória. Sai lá do fundo, mas, do fundão mesmo, a sua figura de caboclo típico do Bairro dos Macacos, com seu sapatão de bico arrebitado e seu solitário dente na arcada inferior da boca, que recebia um sonoro chupão à medida que falava, quando contava dinheiro e ainda quando pitava um grosso e fedido cigarro de palha.
Ele era um verdadeiro tipo Chapliniano.
Pois bem, este Pedro Belizário que freqüentava e abastecia a casa de meus pais com o seu pequeno comércio de farinhas e carne de porco e era querido por todos nós, também foi o responsável pela maior gargalhada coletiva da família.
Rimos todos é verdade de coisa muito séria e sagrada. O motivo de nossa hilaridade foi o terço rezado pelo Pedro na igreja de Congonhal e relatado pela tia Nina. Ela nos contou que quando Pedro se deu conta que o padre não vinha mais de Pouso Alegre para conduzir a reza na igreja, com toda a fé do mundo e em puríssimo estado de êxtase, puxou lá do fundo do peito um pigarro e o terço:
___” No “primero” mistério “contempremo” São José sentado num toco”.lá vai um chupão no solitário dente as Ave Marias e o Padre Nosso,
. Ele Pedro, disse a Tia Nina, tinha toda a fé do mundo, mas não sabia contemplar os mistérios do terço, daí porque no segundo mistério a Virgem Maria foi contemplada lavando roupa e nos outros a Sagrada Família viu o Menino Jesus soltando papagaio, São José rachando lenha e no último todos colhendo trigo.
Eu, que naquela ocasião dei uma gostosa gargalhada, hoje estou convencido que aquele terço foi o melhor rezado e de mais valia na igreja de São José do Congonhal.

Hospital das Clínicas Samuel Libânio ( H C S L ).

HCSL

Paulo Toledo

Este “causo”, segundo afirma um dos funcionários do seu Laboratório de Análises Clínicas, embora inusitado, é cem por cento verídico. Então vamos a ele:
Um fazendeiro, lá das bandas do Espírito Santo do Dourado, estava com um baita problema intestinal que o fazia evacuar só de vez em quando. Assim tinha grande dificuldade em colher suas fezes para o exame pedido pelo médico. Queixando-se disto para o clínico, recebeu a recomendação para tomar um determinado laxante.
Até aí tudo bem. Aconteceu que também o médico mandou-lhe colher as fezes três vezes por dia e marcou a próxima consulta para a semana seguinte.
Foi daí que apareceu na data marcada, na portaria do hospital o tal fazendeiro, em um jeep que trazia na parte traseira um tambor desses de gasolina de 200 litros, segundo disseram, pela metade de merda fumegante.
A risada e constrangimento foi geral, até que o tal funcionário, que acima falei, veio com aquelas famosas latinhas e orientou o cagão: “ não é assim meu senhor, basta o senhor colher um pouquinho só e colocar nestas latinhas isso é mais do que suficiente. Porém não esqueça de colocar o nome no rótulo das latinhas.Viu?”
Passado mais uma semana e o impávido caboclo, entra pela porta do laboratório do H C S L e devolve aquele monte de latinhas que traziam escrito nos respectivos rótulos: “ BOSTA “.