domingo, 10 de janeiro de 2010

O TRATO

O TRATO

Paulo Toledo

“tratar não é obrigado, mas cumprir é”. Esta coisa era mais ou menos respeitada, aqui neste canto das Minas Gerais, da mesma maneira que ainda são respeitados, mais ou menos Os Dez Mandamentos da Lei de Deus, (assim mesmo com letra maiúscula). Então, embora a palavra tratante seja considerada como xingamento, todo mundo por aqui fala que vai, mas não vai; diz que faz, mas não faz e promete que é pra já e fica pra depois ou que vai cedo e chega tarde. E assim por diante...
Outra coisa muito dita por aqui é: “A gente faz o que pode o mais, não está obrigado”. Viche! Pura balela. Nestas bandas gargantear, contar vantagem, ser ganjento e tapear o próximo; é mole.
Agora tem um porém, Inventar um contrato, um convênio, um mandamento da lei de Deus, um dogma religioso que precisa ser honrado até de baixo d’água, para fugir de uma situação embaraçosa, para evitar de levar um cano, ou coisa parecida. Isto é com a gente mesmo. Veja o exemplo de um pasteleiro que tinha a carrocinha de pastel, situada em frente a agência do Banco do Brasil.
Esse pasteleiro, segundo diziam as más linguas,estava muito bem de vida porque vendia muito pastel. Mas muito mesmo. Os pasteis saiam da sua frigideira como uma cascata, para uma fila interminável de bocas, que se queimando com tanta quentura, que mal sentiam o gosto da farinha de milho e do recheio de batata com grãozinhos de carne moída. A outra cascata é a de grana entrando nos seus bolsos
Pois esse feliz pasteleiro que morava em uma boa casa e tinha outras de aluguel, um belo dia, em plena faina pastelífera. recebeu a visita de um seu compadre, vizinho e parente desesperado Na casa desse coitado não tinha mantimentos e ainda faltava uns remedinhos pra patroa, então ele apelou, quase chorando, pedindo uma grana emprestada.
Pois o “fedasunha” do pasteleiro respondeu:
__Olha compadre eu morro de vontade de lhe emprestar a grana que você está me pedindo, mas eu não posso. Eu tenho um trato com o Banco do Brasil, aqui de frente. Eu não empresto dinheiro e eles não vendem pastel.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

SUS

SUS !
Paulo Toledo

O sus do título acima, não é a sigla do Sistema Único de Saúde. Este sus! O dicionário define como expressão para infundir ânimo e coragem. Foi dele que eu me lembrei hoje.
Sim, velho e calmo coronel aposentado, eu me lembro que eu já fui bravo, fui valente. Mais que isso: eu já fui uma fera. Porem, isso faz muito tempo e eu era apenas um menino que foi derrubado, literalmente, meio sem querer, na E P F ( Escola Preparatória de Fortaleza), escola do Exército Brasileiro que pegava meninos, como eu, de dezesseis anos e “preparava” para ir para a Academia Militar, onde se formavam os oficiais do glorioso Exército.
Nesta escola a meninada acordava às cinco horas da manhã e, na instrução militar, era o tempo todo atiçada contra os inimigos da Pátria Amada, Salve! Salve! E, nas aulas do ensino fundamental: Português, Matemática, História, Geografia e línguas; os professores não davam a mínima atenção para ela. Só havia cobrança.
A E P F era uma escola de guerra. Lá eu não me lembro de não ter ouvido a palavra paz, uma única vez. Seu lema era: “Para frente ! Custe o que custar!”. Esse tal lema era sempre lembrado pelo seu comandante, Coronel Rangel, apelidado de “cachorrão”.Ele fazia questão que a meninada, estufasse o peito e gritasse, à plenos pulmões: “custe o que custar!” Toda vez que ele entrava no auditório e erecto, em posição de sentido gritava:
Cadetes! Para Frente!
Todos nós, então, estávamos “na ponta dos cascos”. Porem, depois dos primeiros meses de escola e daquele regime de amargar, em um domingo de folga, eu estava com meu amigo inseparável daquela época longínqua, na Praça Cristo Rei, que fica em frente à escola, olhando para igreja lá existente. Questionávamos toda a beliquosidade da nossa escola e divagávamos sobre literatura, poesia, música e, principalmente sobre as pernas finas das meninas de Fortaleza; quando veio a idéia de ir até a igreja. Talvez se a gente rezasse um pouco a nossa braveza, o nosso espírito guerreiro, ficasse mais amenizado.
Ledo engano, na igreja do Cristo Rei, era a hora da missa dos cadetes católicos da minha escola, que era rezada pelo Capelão Militar. Dela eu sai mais guerreiro ainda, com os versos de um cântico que ainda guardo na memória:
“Levantai-vos Soldados de Cristo!
SUS! Correi! Voai à vitória.....
Não nascemos senão para a luta
De batalha, amplo campo é a terra
Jamais finda, é constante esta guerra
É herança dos filhos de Adão
SUS! Segui este Rei glorioso....
Esforçai-vos constante na luta...
Fortaleza circunde voss’alma...
Na segura e eterna mansão”
Como a imagem que eu hoje eu tenho do Cristo: paz, perdão, mansidão e compaixão. Penso que este SUS! Pra isso, SUS! pra aquilo pode até formar um idealista; mas pode também transformar um idealista num fanático e até do fanático fazer um “homem bomba.
Sus Credo! Ou melhor: Cruz credo!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

MINISTRO DA DEFESA

MINISTRO DA DEFESA

Paulo Toledo

Como velho coronel, eu me lembro que no futebol do meu tempo tinha um jogador que era chamado de beque-de-espera. Esta impoluta figura era sempre um atleta grande, forte, bruto e burro, que ficava dentro da grande área, chutando a bola, os adversários e o que mais estivesse por perto, pro lado que o seu nariz apontasse.
Mas, não sei por que estou falando de futebol. Eu quero falar é do Ministério da Defesa, aliás, que não pode ser ocupado por militar, regra esta que tornou o milico um cidadão desigual aos outros perante a lei, já que Ministro da Defesa ele não pode ser.
A principal condição para que alguém seja Ministro da Defesa é que ele seja um político cheio de “lero-lero” e de “melosquência”, para colocar a milicada longe do Presidente e dos demais ministros, isto é: longe do poder.
Assim, os militares, longe do poder e avessos à politicagem e à malandragem, por vocação e formação, ficam assistindo a liquidação e o sucateamento das FFAA, em função do deslavado revanchismo do bando que está no poder.
Agora me lembro porque falei no beque-de-espera, pois, foi isto que me veio a mente quando vi a foto do atual Ministro da Defesa fantasiado de General e abraçado a uma sucuri, lá em um batalhão de selva da Amazônia. Acho que ele foi escalado para, a semelhança dos “becões” de antigamente, despachar para fora do Planalto aqueles que queiram encher o saco do Presidente, em nome das Forças Armadas.
Além da sucuri da Amazônia, parece que o beque-de-espera da Defesa, agora travestido de piloto, vai fazer um vôo num daqueles aviões de caça da FAB do século passado. Deus queira que além do apelido de “Rolando-lero” lhe acrescentem o de Rainha da Sucata, ou melhor, Rei da Sucata.
Em Tempo:
Com vêem, já que milico não pode ser da defesa, se for inativo, pode ser de ataque.