quarta-feira, 28 de novembro de 2012

TENENTE ROSSI

TENENTE ROSSI Paulo Toledo “O melhor espelho é um velho amigo” e “Eles entram na vida da gente e deixam sinais”. Essas duas belas frases sobre os amigos se aplicam perfeitamente à amizade que dediquei ao Tenente Rossi. Militar aposentado, professor de Educação Física, pai de cinco belas meninas, figura popular de Pouso Alegre, pescador fanático e “frasista" de primeira linha. Ele era também conhecido por Rossão, pelo seu porte avantajado. No entanto, todo mundo sabia que o seu coração era tão grande como ele próprio e por isso sua casa e seu rancho de pescaria viviam rodeados de amigos. Meus primeiros contatos com sua figura ímpar aconteceram no Colégio São José do Diretor Cônego Aurélio, antes dos Padres Pavonianos, onde eu era um menino interno e ele aparecia por ocasião do7 de Setembro, para treinar a molecada para o desfile na avenida. Depois, já adulto, como ele era vizinho do meu pai, a paixão paterna e minha pela pescaria foi o elo que nos uniu, pois ele era amigo de todos os pescadores dos rios de Pouso Alegre e adjacências e não recusava um convite para voltar à beira do rio, mesmo que dela tivesse chegado naquele momento. Aprendi a pescar e gostar de tudo que se refere às pescarias com o Tenente Rossi, mais do que isso, se hoje eu arrisco fazer uma macarronada ou outra iguaria qualquer, é porque eu estou tentando imita-lo. Tenho ainda guardadas na memória, algumas pérolas do seu divertido fraseado. Então lá vai uma: Depois de uma discussão em casa, com sua esposa Dona Ritinha que teve o apoio das meninas, Seu Rossi desabafou: “na minha casa só dá mulher, só tem dois machos eu e um pé de mamão lá no fundo do quintal, até o papagaio fala fino”. Esse era o Tenente Rossi............Quanta saudade! Curtir ·

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

"PUTZGRILA"

“PUTZGRILA”! Paulo Toledo Quando li “Os Sertões” do genial Euclides da Cunha, tive a primeira e completa descrição do que é o fanatismo, sentimento extremo que toma conta do ser humano e o leva, muitas vezes, para conseqüências trágicas. Confesso que aquela leitura foi de uma importância fundamental para que tentasse entender também como o fanatismo político pode se transformar em dogma e religião. Estou escrevendo estas coisas e pensando em uma frase famosa de Karl Marx: “A história se repete a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. Caso o co-autor do “manifesto comunista”, como profeta, não estiver equivocado mais uma vez, pois profetizou o fim do capitalismo, então, depois da tragédia do Antônio Conselheiro, estamos assistindo uma farsa, cujo farsante e palhaço principal esta mais do que evidente. A dolorosa história de Antônio Conselheiro, de Belo Monte e de seus seguidores, ficou magistralmente registrada por Euclides da Cunha, mostrando como um povo miserável e ignorante pode transformar um líder visionário e maluco no “messias”, que conduzira todos os crentes para o paraíso. Então, esta seria a tragédia da primeira vez. O que está se passando na atualidade brasileira e todos nós estamos assistindo de braços cruzados, parece estar concretizando a profecia marxista. “Putzgrila”! Então, é a farsa da segunda vez.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

VIGILANTE NOTURNO

VIGILANTE NOTURNO Paulo Toledo Fiquei sabendo hoje, por um panfletinho colocado na minha caixa de correspondência, que a partir do dia 10 de Dezembro, um trabalhador autônomo que se diz vigilante noturno, passará na minha casa recolhendo um donativo de natal. Esse tal panfletinho é uma verdadeira jóia de coisa bem bolada, pois pode ser distribuído em todas as casas, em todas as ruas e bairros da cidade. Depois o Sr. Arlindo, que o assina, vai passando e arrecadando a quantia que o contribuinte resolver destinar à sua importantíssima atividade. Como eu não conheço o Sr. Arlindo, não senti a sua presença no meu bairro e nem ouvi o seu tradicional apito de vigilante noturno, deste mato não sai coelho. Mas, vamos imaginar que uma pequena porcentagem de moradores da cidade acredite no Sr.Arlindo. Daí ele vai faturar alguma coisa e sai no lucro. No passado, (olha eu aí, de novo, voltando pro passado), na minha rua tinha, de fato, um guarda noturno que fazia um “bico” circulando de bicicleta pelo bairro e apitando para anunciar a sua presença. Esse cidadão era remunerado mensalmente pelos moradores e até tornou-se amigo da minha família. Porém, (sempre tem um porém), em uma manhã, o vigilante estava no portão da minha casa querendo um prosa comigo. Isso me deixou apreensivo por pensar que, naquela madrugada, algo de anormal tivesse acontecido com o meu patrimônio. Ledo engano, quem tinha sofrido um dano patrimonial, tinha sido o próprio vigilante. Pois, dormiu no serviço e ficou sem a bicicleta. Depois disso, perdeu o “bico”.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

VITOR FUMAÇA

VITOR FUMAÇA Paulo Toledo Conheci, nestes longos anos de vida, gente da mais variada espécie e alguns foram meus diletos amigos. Nesse grande elenco tinha gente: alta, baixa, gorda, magra, negra, branca, mulata, velha, moça, bonita, feia e etc... A maioria desse povaréu levava uma vida quase que normal. Porém, o Vitor Fumaça se destacava. Ele era diferente e especialíssimo. Mas, para mim, como amigo leal e companheiro de pescaria era insubstituível. Vitor possuía um rancho de pescaria às margens do Rio Sapucaí, no qual tudo foi feito por ele próprio, desde a alvenaria, a carpintaria e as outras coisas mais. Esse rancho era super rústico, possuindo apenas o conforto necessário para abrigar a tralha de pescaria e para que os pescadores pudessem executar um peixe frito ou ensopado, dependendo da pesca do dia. Esse era o Vitor Fumaça que eu conhecia, sem saber que no passado ele tinha sido ligadíssimo na cachaça e que depois do primeiro gole ele mudava completamente. Ficava outro. Então, ignorando esse detalhe importante e pensando em retribuir a sua parceria do Sapucaí, convidei-o para uma pescaria, de uma semana, no Rio São Francisco, com os meus companheiros do rancho de Maria da Cruz. No primeiro dia no Velho Chico, fomos eu e ele no barco, eu no piloto e ele na poita, como de costume. Ms, eis que de repente, no meio daquele rio enorme, dentro do barco, eu senti um forte cheiro de cachaça, viro para ele e pergunto: _Por acaso Vitor, tem “cangibrina” por aqui? Ele responde: _Eu não bebo. Mas, eu vi, lá do outro lado do rio, um pescador no barranco, com uma garrafa de pinga louca de fedida. Depois dessa resposta absurda, voltamos para o rancho. E, à noite, desconfiado do seu estado etílico, ele foi deixado no rancho, aos cuidados do Tonho, zelador do rancho. Portanto fora da pescaria. Quando voltamos da pescaria noturna, Tonho nos esperava à beira do barranco e foi logo dizendo: _O Fumaça aprontou. Em resumo. Vitor Fumaça tinha feito um verdadeiro comício na porta do rancho. Quando juntou gente ele disse, entre outras coisas, que teve uma “puta” decepção com a porcaria do nosso rancho, pois o dele no Sapucaí tinha três andares e uma pista de pouso para helicóptero, condução que ele usaria caso voltasse a Maria da Cruz. E, para finalizar alertou os presentes para que se cuidassem com os pescadores de Pouso Alegre, pois era gente muito exploradora. Vitor Fumaça continuou meu amigo. Mas, não pude evitar as gozações dos colegas, enquanto freqüentei o rancho de Maria da Cruz. Pois, toda vez que eu mandava uma pinguinha, sempre ouvia: _ Olha o Fumaça.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

ELEIÇÔES 2012 ELEIÇÕES ANTIGAMENTE

ELEIÇÕES 2012 X ELEIÇÕES DE ANTIGAMENTE Paulo Toledo Fiquei velho e por isso já passei por uma “chuvarada” de processos eleitorais. Eles sempre despertavam a idéia e a esperança de que: agora sim, vamos escolher o melhor vereador, prefeito, governador e presidente. Todos voltados para o bem comum e o puro ideal de bem governar a nossa cidade, estado e país. Tive algumas alegrias, poucas é verdade. Mas, também tive uma “enxurrada” de decepções e tantos desenganos que, por estar desobrigado pela idade, sequer fui atrás das máquinas de votar nesta eleição de 2012. Aliás, só notei que a eleição aconteceu, por causa de um foguetório inútil e de uma sujeira monumental que emporcalhou esta cidade. É bom lembrar que na quinzena anterior às eleições, pela ação da prefeitura, a cidade recebeu um mutirão de limpeza e tapação de buracos. Terminado o processo, senti que a imundice da cidade também tinha incomodado ao Gilson Costa, meu amigo do facebook. Então, me restou a esperança que tenha servido de lição para aqueles que desperdiçaram muita grana só para sujar a cidade e, como não foram eleitos, não poderão gozar as delícias do “árduo” trabalho de vereador que, entre outras coisas, terá que nos representar na fiscalização dos atos do prefeito e de seu secretariado, coisa muito difícil. Mas, por falar em eleição, vem a idéia de cidadania (ou a falta dela). Daí, este velho eleitor fica pensando até que ponto se desenvolveu a cultura política do nosso povo, ao verificar que com a urna eletrônica a coisa não mudou muito, pois hoje se vota, com exceções é claro, para atender um pedido ou ordem de alguém. Então não é diferente da época dos currais eleitorais, dos cabos eleitorais e do voto de cabresto. A propósito, nas eleições de antigamente, o máximo que se pode imaginar em voto de cabresto, era executado por um antigo e famoso cabo eleitoral de um dos bairros de nossa cidade. Ele recolhia o título do eleitor e só o devolvia na porta da seção eleitoral, acompanhado de um envelope fechado que continha as cédulas dos candidatos que ele queria eleger. Ai então dizia pro eleitor; _Vai lá e coloca esse envelope na urna. E se por acaso o eleitor perguntasse em quem estava votando ele respondia: _ O que você quer saber é impossível. O voto é SECRETO, meu companheiro.

sábado, 10 de novembro de 2012

EU DESISTO

EU DESISTO Paulo Toledo _”Desta vez é pra valer. Eu parei, não quero saber mais de política e nem admito que se toque nesse assunto, nesta casa ou na minha presença Assim ele falou no dia seguinte das eleições, em Morada Alegre, depois da terceira derrota sofrida como candidato a vereador. Aí, então, foi quase que aplaudido pela família. Nas duas primeiras vezes que ele se candidatou, pensava que era coisa de aprendizado e que ia adquirir muita experiência para a cartada final da terceira vez. Naquelas ocasiões só defendeu idéias, projetos que achava indispensáveis para a cidade e que a sua população merecia. E, ainda teve um detalhe: quase não gastou grana com propaganda. Compra de votos, nem pensar. No entanto, agora ele não se conformava com a votação ridícula que teve, muito menor do que das outras vezes, apesar do apelo, do empenho, da dedicação e da enorme despesa que teve, usando as mesmas armas dos seus concorrentes, inclusive fazendo alianças até com gente corrupta, safada e ordinária. Conhecendo a sua dor e decepção e querendo mostrar o seu exemplo negativo para as pessoas de bem, eu, aqui do meu canto, fico pensando se é justo e descente esse sistema de escolha dos nossos vereadores e fico na dúvida se essa gente que vai para a Câmara teria interesse no cargo, caso o mesmo não fosse remunerado. No passado, Morada Alegre, teve um vereador, amigo do prefeito, que nunca manifestou uma opinião, nunca apresentou um projeto ou coisa que o valha. Sempre votava ficando em pé, ou permanecendo sentado, conforme fosse o pedido do Presidente. Então, diziam na cidade que ele votava com a bunda. Mesmo assim, ele representava o seu povo e era remunerado pelas suas bundadas.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

MOBILIDAE URBANA

MOBILIDADE URBANA Paulo Toledo Penso que a solidão não significa tristeza e depressão, pois a gente pode estar só, mas alegre e feliz, desde que tenha como companheira uma atividade prazerosa, como por exemplo: a jardinagem, a pintura, a oficina de artesanato ou até mesmo papel e lápis para registrar um sentimento do momento. Acho que estou tentando falar deste solitário contador de “Causos”, que cada vez mais se isola em sua casa, em função de diversos e irremovíveis fatores, tais como a idade e a mobilidade urbana da nossa cidade. Dizer que a idade limita muito as nossas atividades é uma redundância, embora alguns velhos “papudos” se digam com energia suficiente para ter uma vida plena, ativa e saudável. E, este não é o meu caso. Porém, a mobilidade urbana, isto é, a facilidade da gente se locomover para um lugar da cidade que tenha vontade ou necessidade de estar, independentemente do tipo de veículo que se possa utilizar, é a causa principal do enclausuramento dos idosos. Assim, no meu caso, quando tenho que abandonar o meu refúgio para cumprir uma obrigação qualquer na cidade, a primeira preocupação que tenho é a de como me deslocar até aquele local e de que forma vou parar o meu carro, já que não tenho como contar com outra forma de condução. E, nesse caso, é comum chegar onde preciso ir e voltar para casa, pois não tive como estacionar o veículo a uma distância adequada. Estou dizendo tudo isso para deixar no ar a pergunta: _Como a cidade cresce e a população envelhece, daqui a dez ou vinte anos, como as pessoas e principalmente os idosos vão viver em Pouso Alegre?

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

VOLTA AO PASSADO

Outro dia me dei conta que estava fazendo mais um aniversário quando alguns amigos e parentes me telefonaram, para os tradicionais cumprimentos. Mas eis que um desses amigos me arremessou para o passado, em uma velocidade espantosa, quando me perguntou se eu já tinha feito mais uma marca, dando um talho no gancho do meu estilingue. Virgem Santa! Quanto tempo! Põe tempo nisso! Acho que nem existe estilingue nos tempos atuais. Alias isso até é muito bom, pois a passarada e as vidraças dos vizinhos ficam protegidas, coisas que eram muito vulneráveis em priscas eras. Escrevi priscas eras. Puxa vida! Isto é mais velho que o gancho do meu estilingue e antes disso dizem que não havia estrelas nem sóis, nem luas ou planetas, ou seja, prisca é coisa anterior ao que vem antes. (Será que deu pra entender?) Mas, voltando ao estilingue, acho que com o arquivamento dessa arma ridícula e primitiva, a humanidade evoluiu bastante, pois ela era responsável pela idéia, colocada na molecada, que passarinho foi colocado no mundo pra gente treinar a pontaria, inicialmente a pedradas, depois aperfeiçoando com armas de fogo. Então, hoje quando vejo o meu jardim repleto de pássaros, de várias espécies, fico super feliz, ao mesmo tempo em que dói dentro do meu peito, um remorso tão antigo quanto as estilingadas que dei e as marcas que fiz no cabo do meu estilingue.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

AS MENINAs DA RUA DAVID CAMPISTA

AS MENINAS DA RUA DAVID CAMPISTA Paulo Toledo Era o ano da graça de 1948, Pouso Alegre ia fazer 100 anos e quem estivesse passando pela Praça Senador José Bento, lá encontraria um monte de charretes, condução individual e meio de transporte de pequenas cargas, principalmente das malas e dos viajantes que chegavam e partiam pela “Maria fumaça” da Rede Mineira de Viação. Mas, as damas da sociedade e, principalmente, as suas protegidíssimas filhas, ficavam muito longe daquele moderno, cheiroso e rápido meio de transporte. Pois, era com as charretes que acontecia um famoso desfile nas tardes de domingo e que tinha como palco a avenida Dr. Lisbôa e a Praça da Catedral. No desfile dominical, cada uma contratava a sua charrete e todas vinham rizonhas e convidativas, protagonizar uma franca exposição de pernas, para delírio da meninada, que, das outras fêmeas da cidade não viam uma nesga de perna sequer. Estou falando das meninas da Rua David Campista, local que a meninada não arriscava aventurar-se, por respeito aos pais e pelo temor que a má fama do lugar anunciava. Na David Campista, ficava o “BATACLÔ da centenária Pouso Alegre.

RÉQUIEM PARA O VELHO CHICO

Caros amigos, sócios do Rancho de Maria da Cruz e seus assíduos freqüentadores, “Não há bem que sempre dure ou mal que não acabe”, isto é, nada dura para sempre. Ainda bem que as coisas funcionam desse jeito. O fim daquilo que foi bom, pode ser muito difícil, mas com o tempo, a idade chega e como esse fim se torna inevitável, temos que estar preparados para isto. Pois, a milenar sabedoria budista diz: “A única coisa permanente é a impermanência das coisas”. Assim, quando o velho pescador faz a sua derradeira pescaria no Velho Rio São Francisco, navegando por ele ou admirando as suas margens e sua beleza fascinante, sempre lhe vêm à mente coisas tão antigas que ele fica desconfiado que, neste cenário, haja mesmo existido em outras vidas, pelas quais tenha passado como um ser vivente qualquer: talvez um sapo, um peixe, um índio ou mesmo um crocodilo, como se proclamava João Guimarães Rosa. Esse rio foi como uma mãe generosa que tudo deu: alimentou, lavou, fertilizou e criou gerações. Rio que foi rico e hoje, super maltratado, nada mais pode dar para o povo pobre, bom e simples que habita às suas margens e também para aqueles que muito lhe amam e dele receberam no passado o prazer de abundantes pescarias. Rio do folclore, da música, da poesia, do foguetório e do caboclo d’água, hoje apenas uma assombração brincalhona. Rio do Rancho da Dona Arcanja, do Tonho, do Zú, da Fatinha, do Zé Capeta e dos meus muito caros amigos e companheiros de pescarias memoráveis. Em resumo, o velho pescador, pela sua idade e condições físicas, está se despedindo do velho rio que também está esgotado. No entanto, leva consigo a sua imagem como o poeta Manuel Bandeira levou do seu “beco”, isto é, “intacta e suspensa no ar”, no momento em que ele diz: “ADEUS PARA NUNCA MAIS”

terça-feira, 6 de novembro de 2012

CARGO DE CONFIANÇA

Aí, para formar o governo, ele pegou a sua turma e a espalhou, distribuindo todo mundo, pra ocupar todos os cargos importantes em termos de prestígio e poder. No entanto deixou reservado para o seu fiel escudeiro o principal cargo de confiança. Aliás, esse cargo era assim chamado porque o seu ocupante seria o seu principal conselheiro e ajudante em todas as ações de seu governo. Mais do que isso, ele teria papel fundamental em tudo que fosse necessário para o seu projeto de poder, no atual mandato e na continuidade do seu grupo pendurado nos principais cargos da República, até que ele mesmo conseguisse vislumbrar, lá pra frente, alguém que pudesse substituí-lo. A outra característica do tal cargo de confiança e a principal é a de que a confiança tinha que ser um sentimento mútuo entre o governante e seu auxiliar principal. Então tudo e todas as ações e atos, legítimos ou não, de um teria de ser do inteiro conhecimento do outro. Em compensação, um não deixaria o outro abandonado no caso de que uma ação de poder não fosse considerada legítima e legal. O tempo passa e o pior pra eles acontece. Coisas foram feitas que além de ilegítimas foram verdadeiramente criminosas. Então, depois de denunciadas e provadas o detentor do cargo de confiança é julgado, condenado e vai pra cadeia. Perguntas que ficam no ar: _ como estará o papo entre o escudeiro e o seu chefe? _ O tal escudeiro vai ficar peladinho na chuva? _ E o chefe? Fica numa boa?

"JUS EXPERNIANDI"

Nós sabemos que a maioria no governo é descente, porém também sabemos que há uma cambada de marginais infiltrada por toda máquina governamental. No entanto, dessa cambada, somente alguns poucos políticos brasileiros podem ser tachados oficial e solenemente como corruptos. Assim, num país em que até o Maluf, que é procurado pela polícia no mundo inteiro, não pode ter esse rótulo, agora o Supremo Tribunal Federal sapecou essa péssima qualidade em um punhado de gente tão importante, que mandava no país em passado recente. E, olha que esse tribunal não é pouca coisa, não é um jurizinho de programa de auditório de TV, quem está falando é a mais alta corte de justiça do país e de maneira definitiva. Então, se o STF diz que José Dirceu, José Genuíno e Delúbio Soares, entre outros, estão condenados por corrupção, nós podemos, eu aqui do meu canto e todo mundo por ai a fora chamá-los desse jeito, por essa alcunha e temos conversado. No entanto, por incrível que pareça, existe um furioso protesto, suponho que sem precedentes, de um desses corruptos, coisa sem lógica e sem sentido, falando até em democracia e estado de direito e não reconhecendo no STF autoridade para puni-lo. Confesso que fiquei tão indignado com o palavrório do corrupto, ofensivo ao Supremo, que tive que consultar um velho advogado meu amigo, sobre se essa manifestação não merecia uma pena adicional. Ele, no entanto, respondeu-me na maior calma e tranqüilidade: _O corrupto está apelando, como todo mundo que não tem razão para o “jus experniandi”.

MARCUS VALÉRIUS

Marcus Valérius Corvus (o Corvo), segundo a Wikipédia (blog do Tass) era general romano quando Cristo foi crucificado. Daí, Tass comenta: “Cada época tem o Marcos Valério que merece”. Assim, se na história universal, apareceu alguém homônimo que pode ser comparado a ele, por aqui, na história desta terra de palmeiras, onde canta o sabiá, tenho a absoluta certeza que ele é imbatível em qualquer posição ou atividade. Então ele é o Marcos Valério Único. Agora, se na vida real ninguém a ele se compara, fica difícil procurar no nosso folclore um tipo que a ele se assemelhe. Fico pensando no Pedro Malas Artes, no Odorico Paraguaçu do Bem Amado, ou então nos personagens dos “Trapalhões”: Didi, Dedé, Muçum e Zacarias. Todos com pós-graduação em esperteza, malandragem e vigarice. Mas, por que ele é tão importante? Ora, toda a sua excelência deriva do que ele sabe, ou finge saber da picaretagem alheia. E, como vivemos em um país de picaretas, todos que têm rabo preso o temem. Alias é um mundo de gente muito importante. Então, ele, malandramente espalha em dozes homeopáticas o que sabe, ou finge saber, deixando muita gente apavorada, tornando-se assim a figura exponencial da política brasileira do momento, capaz de desafiar até o sapo barbudo e transforma-lo em um engolidor de sapos. Aí, eu volto a pensar, como o mundo dá voltas, como o que hoje é verdade, amanhã não passa de um blefe. Como que uma personagem que em tudo que mexeu deu errado e agora está condenada a quarenta anos de prisão, ficou, assim, tão temida pelos poderosos? Respondo: eu não sei como vai acabar esta história e como acho que ninguém sabe, aqui coloco umas reticências.....