quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

CARO MESTRE

CARO MESTRE Paulo Toledo Estou procurando organizar na memória alguns professores que deixaram marcas indeléveis na minha vida. Desde a Dona Sílvia que era professora e minha mãe me alfabetizando a reguadas, até aqueles que para mim foram verdadeiros guias e gurus. Dos quais seus alunos procuravam mais que aprender os ensinamentos, também os imitavam, transformando-os em modelos. Para variar, existiram alguns tipos exóticos e pedantes, dos quais não esqueço. No colégio São José de Pouso Alegre desponta, entre outros bons professores, o mestre Mário Castelo, que além de ensinar ciências ainda era um bom poeta, acho que por essa sua característica humanista, ele sempre começava suas aulas contando uma pequena história familiar na qual sua esposa Dona Alzira era a principal protagonista. Isto motivava e prendia a atenção da molecada. Até hoje não esqueço como ele começava as suas aula: “certa vez, lá em Mococa, eu e a minha Alzira”...Então contava algum fato que não tinha nada a ver com a matéria que vinha depois. Mário Castelo foi um grande mestre e o interesse e o pouco que penso que sei das ciências físicas e naturais, devo a ele. Depois, em São Paulo veio o professor Quintanilha. Sem medo de errar, este foi o melhor de todos. Quintanilha, na Escola Preparatória era professor de literatura, mas ele transformava a sala de aula em um palco de verdadeiro espetáculo, de onde saia filosofia, música, poesia, pintura, teatro e até balé. Deste grande mestre eu herdei o gosto pelas artes de um modo geral e um grande interesse pelos acontecimentos da Semana de Arte Moderna de 1922. Hoje, graças a ele sei que fora o amor que trazemos no peito, as artes são as únicas coisas que iluminam nossas vidas. Agora vou falar de dois professores da AMAN. O primeiro é o Pinduca, que era professor de física e tratava a bordoadas a sua matéria. Como ele tinha sido professor de educação física, dizia-se na Academia Militar, que o Pinduca perdeu a educação e ficou com a física. O outro era um danado de professor de cálculo, que sempre começava a sua aula com uma pergunta: “Eu já contei pra vocês a história do sujeito que escapou de ser filho da puta?” Pois é, fui seu aluno dois anos seguidos. Ele lecionou cálculo diferencial, cálculo integral e geometria analítica. Dessas altas matemáticas eu não sei absolutamente nada e até desconfio que alguém saiba. Mas, o pior é que eu não vou poder contar como foi que aquele sujeito escapou da sua sina, porque ele também não contou.

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