domingo, 6 de janeiro de 2013

TIO FANOR

TIO FANOR A faca fazia parte da vestimenta do povo do Congonhal. Lá o caboclo vestia: calça, camisa, chapéu, sapatão e faca. Alguns congonhalenses até andavam descalços, mas sem a lapiana nem pensar, jamais.. Quando um dos meus tios, que era muito querido por todos nós, mudou-se para Pouso Alegre, continuou na nova morada, com a faquinha fazendo parte da sua indumentária. Só com um detalhe, ela que em Congonhal era mais ou menos rápida, passou a ser ligeiríssima. Saia da cintura e pulava pra barriga do antagonista num piscar de olhos. De fato, ela foi introduzida até a metade na barriga de um desaforado que o chamou de filho disto ou daquilo, num jogo de truco. Sorte é que ela era das pequenas, caso contrário seu desafeto teria ido desta para a melhor. Nessa ocasião, Tio Fanor foi levado preso, mesmo tendo um sobrinho prefeito da cidade. Lei é lei. A outra sorte do Tio Fanor era que alem do sobrinho prefeito ele tinha outro sobrinho, que além de advogado competentíssimo era uma pessoa tão bem de vida que se destacava como um dos poucos possuidores de automóvel da cidade. Ele tinha um daqueles carrinhos europeus barulhentos que eu nem desconfio de que marca era. Pois bem, esse sobrinho motorizado, ao saber que o querido irmão de sua mãe ia ver o sol nascer quadrado, ligou o seu carrinho, disparou para a cadeia e colocou em liberdade o Tio Fanor. Daí para frente, Tio Fanor passou a dizer que a maior alegria da sua vida, foi escutar, dentro da cadeia, o barulho inconfundível do motor do carro do sobrinho chegando. Só que ele contava assim: Vocês não sabem a alegria que eu senti quando ouvi o barulho daquele “peidorreirinho”.

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