quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O APARTE

O APARTE Paulo Toledo Comecei a escrever, várias vezes, sobre os vereadores da minha cidade. Mas o assunto não deslanchava porque as coisas que me vinham a mente, sempre eram as gaiatices, as ignorâncias, as famosas brigas e os tipos grotescos que passaram pela nossa Câmara de Vereadores. Hoje retorno, na esperança de que as coisas importantes que por lá tenham acontecido, certamente, serão contadas por quem possua “mais engenho e arte”. O que me animou tratar de baixarias, foi ter assistido na TV do Senado aquela briga de dois senadores, tudo por conta da roubalheira e da impunidade que por lá existem, a começar pelo próprio Presidente da casa. Acho então que, descontando a enorme diferença de padrão, os nossos queridos vereadores, do passado e do presente, por mais gaiatos que tenham sido, estariam perfeitamente de acordo com o que rola por lá. Assim, o próprio Zé Engrenagem poderia se ombrear com aquele senador cabeludo e picareta que mal representa o nosso Estado. No Senado, teve até um senador que chamou outro de merda. Será que, a exemplo do Chico Buarque, que mandou jogar bosta na Geni, ele estaria querendo dizer que é isto que os eleitores estão mandando para a chamada Câmara Alta? Lá no planalto, o senador que falou merda, poderia até ter sentado na Presidência da República, pois ele presidiu o Senado e o que levou o nome de merda já foi até Governador. E aqui na planície, para que na nossa Câmara conseguisse baixaria semelhante, algum vereador teria que baixar as calças e mostrar a bunda pro adversário. Coisa totalmente impossível, pois a nossa edilidade, pelo menos, sempre foi composta de homens de vergonha na cara e de valentia comprovada; como demonstra o exemplo que se segue: Teve uma época que o abastecimento d’água de Pouso Alegre era feito pela Prefeitura e o Vereador Walter Noronha, que hoje dá o nome de um bairro da cidade, assim discursava na tribuna: __A falta d’água na cidade é uma vergonha, tem bairro que a mulherada não tem água nem pra cozinhar e pra fazer uma mamadeira pras criancinhas. Agora, a vergonha maior é que tem um colega nosso, que eu não vou dizer o nome, que puxou um cano grosso d’água da Prefeitura pra dar água pros boi dele. Vocês sabem a quantia de água que um boi bebe? E uma boiada, então? Pior do que isso, é que eu acho que até o leite que ele vende pro povo tem mistura de água da Prefeitura. Nessa altura de sua fala, Walter Noronha foi interrompido por seu colega de vereança, Argentino de Paula e, então, travou-se o seguinte debate: __O nobre colega me permite um aparte. Serei breve e sutil. __Pois não, excelência, o seu aparte, por certo, vai valorizar a minha fala. __Pois vossa excelência fique sabendo que é o maior filho da puta que eu conheço e é agora, que vou lhe fincar a minha faca, nessa sua pança fofa. Argentino de Paula arrancou uma baita faca da cintura e partiu pra cima do Walter Noronha, que só não teve os bofes posto pra fora, porque os outros vereadores agarraram o Seu Argentino. Walter Noronha caiu fora, não levou a prometida facada. Mas a cidade ficou sabendo quem estava contribuindo para secar as suas torneiras.

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